10 de abril de 2016

O GRANDE JARDIM DE BURLE MARX PARA O THEATRO JOSÉ DE ALENCAR

O ICÔNICO THEATRO JOSÉ DE ALENCAR

(Pesquisa realizada para a disciplina de teoria e história do paisagismo - prof.: Itamar Frota)

O Theatro José de Alencar é um teatro brasileiro, localizado na cidade de Fortaleza, no Ceará. É referência artística, turística e arquitetônica no país, além de ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Enquanto teatro-monumento, conta com seleta programação cênica e diversificada pauta de atividades sócio-culturais e artísticas. Além disso, por meio das construções e equipamentos anexos, é considerado um grande espaço aglutinador de pesquisa, formação, produção e difusão artística.

Entrada do Theatro José de Alencar, eclética onde predomina o neoclássico.
Fachada icônica com vitrais coloridos e estrutura em ferro funfido
Foi inaugurado oficialmente em 17 de junho de 1910. Apresenta arquitetura eclética e sala de espetáculo em estilo art nouveau de três andares que comporta 800 lugares. O complexo do Theatro conta ainda com auditório de 120 lugares, foyers, espaço cênico a céu aberto e o prédio anexo, com 2 600 metros quadrados, que sedia seu Centro de Artes Cênicas (CENA), além do Teatro Morro do Ouro; a praça Mestre Pedro Boca Rica, com palco ao ar livre de capacidade para 600 pessoas; a Biblioteca Carlos Câmara; a Galeria Ramos Cotôco, quatro salas de estudos e ensaios; oficinas de cenotécnica, de figurino e de iluminação; o Colégio de Dança do Ceará e o Colégio de Direção Teatral do Instituto Dragão do Mar; a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho; o Curso Princípios Básicos de Teatro e o grande jardim projetado por Burle Marx.

O GRANDE JARDIM DE BURLE MARX PARA O THEATRO JOSÉ DE ALENCAR


No início do século XX o Capitão Bernardo José de Mello ao fazer o projeto arquitetônico do Theatro José de Alencar imaginou um teatro-jardim. A inauguração do teatro aconteceu em 17 de junho de 1910, mas, o jardim só veio a ser construído 65 anos depois da festa de inauguração, na reforma que durou de 1974 a abril de 1975.

O grande jardim do Theatro José de Alencar foi feito por Roberto Burle Marx que é um renomado arquiteto-paisagista brasileiro reconhecido internacionalmente, falecido em 4 de julho de 1994 aos 84 anos. Seus principais projetos encontram-se no Rio de Janeiro, embora possa ser encontrados ao redor de todo o mundo. Esse é um dos projeto de grande visibilidade de Roberto Burle Marx, pelo seu caráter de uso coletivo, trata-se dos jardins laterais anexo ao Theatro José de Alencar, um primeiro projeto executado em 1973 e o atual, projeto de 1990, por ocasião da restauração do teatro. 

O jardim do teatro ocupou todo o espaço vizinho ao teatro, pelo lado leste, onde estava o prédio que inicialmente abrigou o Quartel de Cavalaria e em seguida o Centro de Saúde. O local abriga um busto de Delmiro Gouveia, considerado o precursor da industrialização na Região Nordeste do Brasil. Este jardim constitui um espaço diferenciado na estrutura fundiária do entorno, contribuindo ainda para realçar a elevação lateral do edifício histórico tombado pelo IPHAN em 1964. O jardim cumpre importante ligação entre o pátio interno do teatro – que separa o foyer e a sala de espetáculos – e o ambiente urbano. Além da sombra criada pela vegetação arbustiva, um dos elementos de maior interesse é o muro posterior totalmente tomado por trepadeiras servindo de cenário para um pequeno palco para apresentações artísticas externas.

No primeiro projeto, havia um equilibrado jogo de linhas retas, paralelas e oblíquas, ligadas por arcos de circunferência, criando uma sensação de planos superpostos onde se definem canteiros, áreas pavimentadas, elementos aquáticos e mobiliário.

Inclusive, possuía um grande espelho d’água, com uma fonte luminosa. Conforme a publicação “Roberto Burle Marx e o Theatro José de Alencar”, lançada durante o XXV Simpósio Nacional de História 2009, esse jardim teve vida curta motivada, principalmente, por causa de sua extensa fonte. “Como esse equipamento, dependente de sistemas hidráulico e elétrico para bombeamento e iluminação, era acionado muito esporadicamente, cada vez que era preciso usa-lo, havia necessidade de serviço de manutenção. Nesse sentido, os custos para manter o jardim estavam além dos recursos disponíveis.” Sendo assim o jardim chegou a uma condição de completo abandono no final da década de 1980.

Já o segundo projeto, diverge inteiramente do primeiro: é um jardim intrinsecamente utilitário, onde se predomina espécies vegetais nativas da região Nordeste, e ali podemos admirar diversos tipos de árvores como: Carnaúbas, Oitis centenários, Palmeiras (menina-dos-olhos de Burle Marx), Pau-ferro, Jasmim, Pau-Brasil e Jucá.

Como não podia faltar uma área para apresentações culturais para a população Fortalezense, em vez da ampla fonte e seu espetáculo de água e luz, tem-se um grande pátio com piso em recorte ortogonal, onde possuem tijolos cerâmicos vermelhos e ladrilho hidráulico, com discretos detalhes em granito cinza. O pátio passou a receber uma série de eventos. O palco jardim – muito utilizado nos dias atuais – “é protegido” por uma grande cascata de tumbérgia de mais de 12 metros de altura. A sua capacidade atual é de 600 pessoas ao ar livre para assistir espetáculos neste espaço. Antigamente o jardim era aberto para a usualidade da polução, hoje esse espaço é cercado por grades para sua própria preservação. A grande cascata de tumbérgia (maior cascata verde em jardim público do Brasil), um dos símbolos do jardim, é desta época. No entanto, alguns oitis ainda persistem desde o tempo em que ali funcionava o antigo Quartel da Cavalaria, demolido para dar lugar ao jardim.


Jardim 2ª versão

Jardim 2ª versão
Em meados dos anos 70, o artista foi contratado pelo poder municipal para desenvolver dois grandes projetos para a cidade. Eles iriam comtemplar as avenidas Aguanambi, Leste-Oeste e José Bastos. Mas as obras nunca foram efetivadas.

CURIOSIDADES

  • O livro Roberto Burle Marx e o Theatro José de Alencar se trata de uma reedição patrocinada pelo Prêmio Literário para o Autor Cearense “Otacílio Azevedo”, de 2010, que tem sua venda revertida para a manutenção dos jardins do Theatro José de Alencar.
  •  Muitos não sabem, mas Burle Marx fez muitos projetos na cidade de Fortaleza, como:
1968 – Residência Benedito Dias Macedo.
1972 – Avenida Aguanambi; Posto de abastecimento Petrobras.
1973 – Avenida Leste-Oeste e José Bastos; Anteprojeto para a sede da Prefeitura Municipal de Fortaleza; Theatro José de Alencar (1ª versão).
1975 – Ministério da Fazenda (Receita Federal); Hotel Colonial.
1978 – Sede do J. Macedo.
1980 – Residência José Carlos e Denise Pontes.
1984 – Sede do Banco do Nordeste do Brasil (Passaré). 
1985 – Edifício Portal da Enseada.
1988 – Centro Empresarial Clóvis Rolim; Residência Pio Rodrigues Neto
1990 – Theatro José de Alencar (2ª versão).

BIBLIOGRAFIA








Nenhum comentário:

Postar um comentário