Projeto Fortaleza 2040 |
Sim, os planos são importantes. Eles definem uma cidade, um estado, um país. Muitos gestores se tornaram referência por terem bancado planos que se tornaram âncoras do desenvolvimento social e econômico vindouro. É o caso do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, na década de 1950. É o caso do Plameg de Virgílio Távora que, até hoje, é o norte do processo de industrialização do Ceará.
Na última conversa que mantive com o prefeito Roberto Cláudio, sugeri que o mais importante legado de seus quatro anos será um plano. No caso, o Projeto Fortaleza 2040. Trata-se de um conjunto de propostas de curto, médio e longo prazos com foco no desenvolvimento da cidade. Uma das vertentes, claro é o plano urbanístico da cidade, área coordenada pelo arquiteto Fausto Nilo.
O Projeto Fortaleza 2040 ainda não é conhecido. Está em elaboração. Nota-se o cuidado dos técnicos envolvidos para não antecipar as linhas que serão adotadas. É razoável que assim seja. Afinal, uma simples menção de um conceito assimilado pelo projeto poder gerar especulações, incluindo as imobiliárias.
Um plano, se bem elaborado e bem assimilado pela sociedade, se torna um patrimônio que vai além do querer dos gestores de plantão. Assim, ganha consistência prática, longevidade e perpassa as diversas administrações. Seu mérito é, aliado ao conjunto de regras urbanas, estabelecer um desenho integrado da cidade.
As últimas edições do O POVO conseguiram mostrar uma importante linha a ser prevista no âmbito do Fortaleza 2040. O fato veio à tona pela fala de Eudoro Santana, coordenador geral do Plano. É animador saber que a cidade estabelecerá que o entorno da tombada José Avelino vai ser designada como área turística e cultural, considerando um misto de estruturas de lazer, hoteleiras, comerciais, administrativas e residenciais.
O resultado é pra logo? Talvez não. Mas, o plano define as fronteiras e os critérios de ocupação da área. Na sequência, a iniciativa privada será provocada a investir. Como é usual, instrumentos legais na política urbana já em vigor servirão de estímulo para os investidores montarem seus negócios.
Mas, hoje funciona ali e adjacências um vigoroso comércio de tecidos. São centenas de pessoas envolvidas em uma dinâmica atividade econômica. Pois é. A cidade não está em condições de perder o dinheiro que circula ali. Porém, trata-se de uma atividade completamente inadequada naquela área com tanto valor histórico e urbano para a cidade.
O Fortaleza 2040 certamente vai considerar a importância daquele tipo de comércio para a cidade. Para tanto, já se sabe que a área localizada no eixo Centro-Jacareganga será definida para abrigar o comércio atacadista de confecções. Parece bastante razoável. E que isso ocorra dentro de padrões adequados, que não permitam a degradação hoje registrada no entorno da José Avelino.
O eixo Beira-Mar, Praia de Iracema e Centro é fundamental para qualquer ideia de desenvolvimento de Fortaleza. O Dragão já foi um equipamento de integração urbana. Outros são necessários. O conjunto urbano em torno da José Avelino também precisa ter essa função.
Um sonho urbanístico de Fortaleza é abrir os olhos do Centro para o mar, integrando-o à Praia de Iracema e à Beira-Mar. A cidade não pode cometer novos erros, como o que levou o Centro de Eventos para longe daquela área. Portanto, a importância do Plano também está nisso: impedir que outras esferas da administração façam bobagens na Capital.
Fonte: jornal O POVO
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